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este conto é uma ficção. http://aubaded elavie.centerb log.net
Par aubadedelavie, le 02.09.2013
perguntas duma adolescente no limiar do ano de 1962. http://aubaded elavie.centerb log.net
Par aubadedelavie, le 23.06.2013
image.: arranjo da autora.http:// aubadedelavie. centerblog.net
Par aubadedelavie, le 17.06.2013
obrigada antónio manuel. assim esperamos que se mudem as vontades.- e. m. v.http://aubad edelavie.cente rblog.
Par aubadedelavie, le 24.03.2013
para a mudança, exigente, não será nunca tarde, certamente. - a.-m.
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Date de création : 09.09.2012
Dernière mise à jour :
12.01.2025
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CRÓNICAS
SEM PÉS NEM CABEÇA
As nossas aldeias são alegres e sorridentes; os turistas são unânimes em lhes gabarem o pitoresco e a gentileza dos seus moradores. Antigamente, segundo um célebre filme, eram : A Aldeia da roupa branca! E as ruas eram calcorreadas pelos pachorrentos bois calcando o piso de saibro, indo e vindo nos trabalhos dos campos.
Hoje, não há lavadeiras nem ceifeiras cantando ao desafio : umas foram substituídas por máquinas de lavar a roupa ; outros por tratores e alfaias modernas. E Deus me livre de nostalgias baratas !
Os desafios de hoje não são ao ar livre : passam-se entre quatro paredes em programas televisivos baratos, com risos e aplausos comandados por programadores. É a civilização descerebrada, como dizem alguns sábios.
Ah ! Mas restam-nos ainda as festas e romarias tão portuguesmente celebradas. E restam-nos as patuscas ruas do torce-pé ! Essas sim, serão sempre nossas com ou sem televisão, com ou sem Internet !
Ruas de torce-pé ? Que é isso ?
É assim. Primeiro espalha-se uma camadita de alcatrão para aprisionar pedras e areia. As bermas ficam na mesma e vão-se deteriorando enquanto se espera melhores dias. Com o aumento da circulação, centenas de cavalos furiosos a galope vão esburacando o piso que se vai remendando. Somos um país pobre, meus senhores, não se pode gastar dinheiro alcatroando à toa. Há muito onde gastar !…
Depois chega o dia em que a União Europeia tem a esquisita ideia de obrigar todas as aldeias a terem água da Companhia, o saneamento e outras novidades bem conhecidas noutros países há muito tempo. E lá vêm as escavadoras escavar, as varredoras varrer e os operários encher os pulmões com toda a poeira do trabalho que vão fazendo ! Fazem-se buracos, abrem-se valas, tapam-se buracos, cobrem-se valas, mas a poeira de morrer sufocado fica em suspenso. Não se pode fazer tudo ao mesmo tempo, sabem ? E todos ficam suspirando pelo tapetinho negro. Começar começa, mas acabar ? Sabe-se lá ! Os moradores que se avenham ! A senhora dona Câmara não sabe agendar obras com princípio, meio e fim, nem comunicar datas aos munícipes, e agora ?
Um dia aparecem todas as maquinetas. Os moradores saem e admiram, incrédulos, o tão desejado tapete, negro e lisinho que se desdobra à porta das casas. E é então que começa o problema do torce-pé.
Os pobres peões que se aventuram fora de casa andam na rua estreita; quando ouvem um carro resguardam-se para a valeta, isto é, para a vala. É que agora a estrada subiu 10 cm, e a berma tornou-se uma verdadeira vala onde os pés se torcem. Para se evitar um perigo, enfrenta-se outro. E há casas e garagens com uma vala à saída, outras vão ter verdadeiras piscinas em frente quando a chuva grossa cair, e se não houver carros capotando vai ser uma sorte!
E quando haverá bermas decentes? Ninguém sabe: lá para o dia de São Nunca! E depois se admiram que se não acredite em promessas!
E então me vem esta pergunta: quando não sabem dirigir uma simples aldeia, como poderão dirigir a complexidade dum país?
Não acreditam? Então venham ver a minha bonita aldeia de Torce-pé.