Thèmes

homme internet livre jardin

Rubriques

>> Toutes les rubriques <<
· FLORES CAMPESTRES CAMINHOS PEREGRINOS (137)
· TEMPS EN SUSPENS (86)
· OBRAS PESSOAIS / Oeuvres personnelles (49)
· CRÓNICAS SEM PÉS NEM CABEÇA (11)
· PUBLICATIONS, PUBLICAÇÕES OU ARTIGOS... (16)
· SÃO LETRAS, SENHORAS E SENHORES... (7)

Rechercher
Derniers commentaires Articles les plus lus

· INSÓLITA ESTÓRIA DUM MENINO SIOUX - 2
· MÁRIO SACRAMENTO E O MAR - p. 4
· Tu es égal à moi - Message d'une fillette de 12 ans
· Pas de blues-dentiste
· Mensagem ou talvez não

· Ao sabor das ondas
· MENINO SONHO
· INSÓLITA ESTÓRIA DUM MENINO SIOUX - 1
· EPITAPHE POUR UN BÉBÉ MASSACRÉ - Dans le ciel de la vie
· UM DOS ARTIGOS SOBRE BIOGRAFIA DE MÁRIO SACRAMENTO
· FLORES CAMPESTRES
· MÁRIO SACRAMENTO E O MAR - p. 1
· ONDA - Barra, 2013
· Marée noire
· BRUMES

Voir plus 

Abonnement au blog
Recevez les actualités de mon blog gratuitement :

Je comprends qu’en m’abonnant, je choisis explicitement de recevoir la newsletter du blog "aubadedelavie" et que je peux facilement et à tout moment me désinscrire.


Statistiques

Date de création : 09.09.2012
Dernière mise à jour : 12.01.2025
313 articles


Algures: a Aldeia de Torce-Pé

Publié le 08/10/2012 à 00:22 par aubadedelavie Tags : internet livre
Algures: a Aldeia de Torce-Pé

CRÓNICAS

SEM  PÉS  NEM  CABEÇA

 

 

As nossas aldeias são alegres e sorridentes; os turistas são unânimes em lhes gabarem o pitoresco e a gentileza dos seus moradores. Antigamente, segundo um célebre filme, eram : A Aldeia da roupa branca! E as ruas eram calcorreadas pelos pachorrentos bois calcando o piso de saibro, indo e vindo nos trabalhos dos campos.


Hoje, não há lavadeiras nem ceifeiras cantando ao desafio : umas foram substituídas por máquinas de lavar a roupa ; outros por tratores e alfaias modernas. E Deus me livre de nostalgias baratas !


Os desafios de hoje não são ao ar livre : passam-se entre quatro paredes em programas televisivos baratos, com risos e aplausos comandados por programadores. É a civilização descerebrada, como dizem alguns sábios.


Ah ! Mas restam-nos ainda as festas e romarias tão portuguesmente celebradas. E restam-nos as patuscas ruas do torce-pé ! Essas sim, serão sempre nossas com ou sem televisão, com ou sem Internet !


Ruas de torce-pé ? Que é isso ?

É assim. Primeiro espalha-se uma camadita de alcatrão para aprisionar pedras e areia. As bermas ficam na mesma e vão-se deteriorando enquanto se espera melhores dias. Com o aumento da circulação, centenas de cavalos furiosos a galope vão esburacando o piso que se vai remendando. Somos um país pobre, meus senhores, não se pode gastar dinheiro alcatroando à toa. Há muito onde gastar !…


Depois chega o dia em que a União Europeia tem a esquisita ideia de obrigar todas as aldeias a terem água da Companhia, o saneamento e outras novidades bem conhecidas noutros países há muito tempo. E lá vêm as escavadoras escavar, as varredoras varrer e os operários encher os pulmões com  toda a poeira do trabalho que vão fazendo ! Fazem-se buracos, abrem-se valas, tapam-se buracos, cobrem-se valas, mas a poeira de morrer sufocado fica em suspenso. Não se pode fazer tudo ao mesmo tempo, sabem ? E todos ficam suspirando pelo tapetinho negro. Começar começa, mas acabar ? Sabe-se lá ! Os moradores que se avenham ! A senhora dona Câmara não sabe agendar obras com princípio, meio e fim, nem comunicar datas aos munícipes, e agora ?


Um dia aparecem todas as maquinetas. Os moradores saem e admiram, incrédulos, o tão desejado tapete, negro e lisinho que se desdobra à porta das casas. E é então que começa o problema do torce-pé.


Os pobres peões que se aventuram fora de casa andam na rua estreita; quando ouvem um carro resguardam-se para a valeta, isto é, para a vala. É que agora a estrada subiu 10 cm, e a berma tornou-se uma verdadeira vala onde os pés se torcem. Para se evitar um perigo, enfrenta-se outro. E há casas e garagens com uma vala à saída, outras vão ter verdadeiras piscinas em frente quando a chuva grossa cair, e se não houver carros capotando vai ser uma sorte!


E quando haverá bermas decentes? Ninguém sabe: lá para o dia de São Nunca! E depois se admiram que se não acredite em promessas!


E então me vem esta pergunta: quando não sabem dirigir uma simples aldeia, como poderão dirigir a complexidade dum país?


Não acreditam? Então venham ver a minha bonita aldeia de Torce-pé.