Thèmes

jardin livre roman mer fleurs element douceur

Rubriques

>> Toutes les rubriques <<
· FLORES CAMPESTRES CAMINHOS PEREGRINOS (137)
· TEMPS EN SUSPENS (86)
· OBRAS PESSOAIS / Oeuvres personnelles (49)
· CRÓNICAS SEM PÉS NEM CABEÇA (11)
· PUBLICATIONS, PUBLICAÇÕES OU ARTIGOS... (16)
· SÃO LETRAS, SENHORAS E SENHORES... (7)

Rechercher
Derniers commentaires Articles les plus lus

· INSÓLITA ESTÓRIA DUM MENINO SIOUX - 2
· MÁRIO SACRAMENTO E O MAR - p. 4
· Tu es égal à moi - Message d'une fillette de 12 ans
· Pas de blues-dentiste
· Mensagem ou talvez não

· Ao sabor das ondas
· MENINO SONHO
· INSÓLITA ESTÓRIA DUM MENINO SIOUX - 1
· EPITAPHE POUR UN BÉBÉ MASSACRÉ - Dans le ciel de la vie
· UM DOS ARTIGOS SOBRE BIOGRAFIA DE MÁRIO SACRAMENTO
· FLORES CAMPESTRES
· MÁRIO SACRAMENTO E O MAR - p. 1
· ONDA - Barra, 2013
· Marée noire
· BRUMES

Voir plus 

Abonnement au blog
Recevez les actualités de mon blog gratuitement :

Je comprends qu’en m’abonnant, je choisis explicitement de recevoir la newsletter du blog "aubadedelavie" et que je peux facilement et à tout moment me désinscrire.


Statistiques

Date de création : 09.09.2012
Dernière mise à jour : 12.01.2025
313 articles


MÁRIO SACRAMENTO E O MAR - p. 5

Publié le 10/02/2013 à 01:42 par aubadedelavie Tags : livre roman mer fleurs element

 

 

Esses momentos de liberdade vivida pela poeisa e pela proximidade do mar, ele bem sabe que são sonhos que lhe deixam somente um gosto a «Marisco tonto» acompanhando um «Aperitivo fruste». No entanto, é o mar que o inspira, lhe serena as tempestades que lhe alvoroçam a alma e que lhe recebe o sentimento poético.


A 6 de setembro de 1967, sempre a presença do mar durante uns dias de repouso em S. Pedro de Muel 5. Mário Sacramento nem em férias repousa dos tempos trabalhosos, divagando até Peniche e Berlengas, com a mente em desassossego na proximidade dum terrível lugar em que amigos estão detidos. Aliás, a sua própria detenção em 1953, oudemos averiguar, foi ocasionada pela tomada de posição em prol dos presos políticos em greve de fome em Peniche . Como poderia um homem prisioneiro no seu próprio país, escritor censurado e cidadão perseguido apreciar a liberdade nessas condições? Procura lenitivo no dançar das ondas e na vastidão. Porém, o mar devolve-lhe amargura.

O poeta Mário Sacramento também lê poetas franceses. Apesar de ter escrito a propósito de Apollinaire6 que esse é o seu poeta dileto, é em Baudelaire que podemos encontrar ecos desse espelho em que se miram os poetas: «Homme libre, toujours tu chériras la mer!/La mer est ton miroir, tu contemples ton âme/ Dans le déroulement infini de sa lame/ Et ton esprit n’est pas un gouffre moins amer.» 7.

 

E este é o sentimento do poeta frente ao mar :


Estou triste - e o mar ri-se.

Abre a boca e casquina.

Vem de longe,

arrepanhando a face,

e despeja a gargalhada sobre a praia.

E eu triste.

Triste porquê ?

Não me coroa o Sol ?

Não oiço vozes de crianças

contrapondo a do mar ?

Quero ser o que vejo e não sou nada !

Ilha sem faroleiro ...

Ave submersa em cobalto ...

Ri-te, mar,

rebola o ventre galhofeiro !

Se não te risses

quem me diria o que sou ?

Se não fosses contente

que preço teria a tristeza ?

Retrista-me com o teu riso,

para que eu seja.

 

(Diário p. 112)

 


____________________________

 

[5 Diário p. 11. Também Cecília Sacramento, Tempos do Temp (contos), «Ternura e Espuma do Mar», Edição da Câmara Municipal de Ílhavo, 1999, p. 99, refere essa estadia.

6 Trata-se da apresentação de Georges Vergnes, Apollinaire, Porto, Ulisseia, 1965

7 Homem livre, sempre amarás o mar !/ O mar é teu espelho; tua alma contemplas

Na onda em infindo desenrolar / e tua mente não é menor abismo a amargar (tradução livre). [Les Fleurs du Mal, L’Homme et la Mer].